Muitas vezes nos perguntamos porque pessoas inteligentes e experientes, que conhecem procedimentos e métodos de trabalho seguro, que são treinadas para realizar suas atividades sofrem acidentes de quaisquer tipos, incluindo aí os acidentes de trabalho.
Em geral, quando acidentes ocorrem, e a investigação é realizada, o primeiro pensamento que nos vem à cabeça é “como essa pessoa pode sofrer esse tipo de acidente? Qualquer um em sã consciência saberia que isto poderia acontecer“.
No entanto na maior parte das vezes, um acidente acontece devido a um excesso de otimismo quanto na realização do ato que pode vir a causar um evento.
Nós sabemos, estatisticamente, que o comportamento humano é o principal fator que leva a um acidente.
O modelo ABC
Um simples modelo que explica o comportamento humano é chamado de Modelo ABC:
A: Ativadores (activator),
B: Comportamentos (behavior),
C: Consequências (consequence).
Os ativadores são as ações que desencadeiam o comportamento. Um exemplo seria um telefone tocando. O comportamento a esta ação é atender ao telefone. A consequência é saber quem efetuou a chamada.
Outro exemplo é o ato de acelerar um carro em uma rodovia. O ativador poderia ser impressionar uma paquera. O comportamento é o ato de acelerar o veículo. A consequência esperada é conquistar a paquera, entretanto, o que pode ocorrer na realidade é uma multa por excesso de velocidade ou mesmo uma colisão junto a outro veículo.
Na consciência de quem toma uma ação, a consequência de um ato tende sempre a ser positivo, e o mesmo negligencia aspectos negativos que podem ocorrer e causar o acidente, talvez porque nada parecido tenha ocorrido com ele no passado.
Neste caso, podemos entender que a qualidade da consequência determina como escolhemos nos comportar.
Se por exemplo, você acredita fortemente que acelerar demais um carro em uma estrada pode levar a um acidente, talvez porque isto já ocorreu com você ou mesmo com alguém próximo, isto pode conduzir você a ter um comportamento mais adequado, ficando dentro dos limites de velocidade da pista, porque você percebeu que a consequência é tanto negativa quanto possível.
É importante deixar claro que tanto as consequências quanto o comportamento são baseados no que o responsável pela ação pensa que pode acontecer.
A completa análise da metodologia ABC, também leva em consideração o “quando” uma consequência ocorreria, e que pode ser mais cedo ou mais tarde, o impacto poderia ser positivo (bom) ou negativo (ruim), e o ato do evento ocorrer ou não poderia ser certo ou incerto.
Análise do Modelo ABC
Considere os exemplos abaixo:
No caso de uma atividade que se inicia sem a apropriada emissão de uma PT – Permissão para Trabalho, o ativador poderia ser a “pressa para iniciar” a tarefa. As consequências tanto podem ser positivas quanto negativas; e as mais esperadas consequências, e que normalmente “guiam” nossos comportamentos são aqueles que ocorrem “cedo”, são “certos” de ocorrerem e possuem um impacto “positivo (bom)”.
É tudo sobre gratificação imediata. Não adotar todas as medidas de segurança, por outro lado, na consciência do executor do ato, não ocorreria nesta vez, além de sua probabilidade ser incerta.
As consequências negativas são de longe, motivadores menos poderosos para nossos comportamento que as consequências positivas.
Logo..
Uma vez que você avalia a qualidade das consequências, é fácil entender porque pessoas inteligentes sofrem acidentes, se comportando de maneira insegura: é devido a forma como as consequências são percebidas.
Então, a medida de controle deve ser identificar as consequências do ato, e agir na conscientização do responsável por tal.
Segurança do trabalho hoje, é muito psicologia.
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