Descomplicando a poeira e outros particulados: o que faz com que sejam tão perigosos?

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Poeira de madeira: alguns tipos de poeira de madeira podem causar câncer.

Olá, acredito que você já saiba que a exposição contínua a poeira pode trazer inúmeros efeitos adversos à saúde humana.

A depender dos vários tipos de particulado, pode-se desenvolver, entre outras, as seguintes condições: silicose devido à exposição contínua a sílica, asbestose causada pelo asbesto, dor no peito, tosse contínua, dificuldade respiratória, bronquite e alergias.

No entanto, embora seja de conhecimento o quão perigoso é estar exposto a estes agentes, ainda existem dúvidas sobre diversos assuntos referentes a poeira e outros particulados. Pensando nisso, o Descomplica SMS preparou um texto para você!

Continue lendo para saber mais sobre:

    • Qual a diferença entre poeira, fibra e fumo;
    • Qual a diferença entre a poeira inalável e respirável;
    • Quais os efeitos da poeira no organismo humano;
    • O que é poeira combustível, e quando ela pode criar uma atmosfera explosiva.

Qual a diferença entre poeira, fibra e fumo 

Poeira

As poeiras são partículas sólidas criadas através de quebra mecânica de um elemento sólido. Esta quebra pode ser feita de várias formas, desde uma operação que envolva trituração ou polimento, até mesmo em cenários onde esta ruptura é feita de forma manual.

Fibra

As fibras tem a mesma origem das partículas de poeira, diferenciando-se apenas pelo fato de ter um formato diferente. O comprimento (L) da fibra deve ser no mínimo 3 vezes maior que o diâmetro (d), conforme mostrado na figura abaixo:

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Fumo

Fumos são partículas sólidas provenientes da condensação de vapores ou resultantes de reações químicas, sendo geradas normalmente em atividades onde há a volatização de metais fundidos, como a solda elétrica.

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Atividade com solda pode gerar fumos metálicos.

Qual a diferença entre a poeira inalável e respirável

Após identificarmos as diferenças entre alguns tipos de particulados, levando em consideração o formato, descobriremos a classificação devido ao tamanho da partícula, o que a define como sendo inalável  ou respirável:

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Além do tamanho da partícula, deve-se frisar que o particulado inalável é capaz de penetrar pelo nariz e pela boca, no entanto, em sua maior parte, é retida nas passagens nasais e vias aéreas superiores (faringe e laringe). Já o particulado respirável, por ser extremamente pequeno, pode se alojar na região alveolar, ou seja, vai além dos brônquios, onde há as trocas gasosas no nosso corpo.

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Frações inaláveis e respiráveis.

O organismo humano apenas possui defesa contra poeira natural, também conhecida como poeira inalável. O maior perigo existe quando esta se encontra na faixa de poeira respirável, para qual o nosso organismo não tem meio de defesa.

Quais os efeitos da poeira no organismo humano

Vimos que existem vários tipos de poeira e particulados, e que a suas origens também são diversas. Logo, é possível afirmar que os efeitos causados pela exposição a estes agentes físicos também são diferentes, uma vez que cada um atua de maneira diferente no organismo humano.

Também é necessário salientar que cada tipo de particulado aqui mencionado possui um período de carência distinto, sendo assim, para que alguns deles possam efetivamente ser considerados nexo causal de doenças profissionais ou do trabalho é necessário um tempo de exposição que compreende curto, médio ou o longo prazo.

Sílica

A exposição continua à sílica (SiO2) é responsável pela silicose. Quando a poeira de sílica é inalada, se deposita nos alvéolos pulmonares, e leva a uma fibrose modular irreversível, ou seja, à a formação de um tecido cicatricial no pulmão, que  perde a sua elasticidade e torna a respiração mais difícil. Com isso, a oxigenação do sangue fica comprometida.

Entre os sintomas da silicose, podemos encontrar:

  • Dificuldade em respirar
  • Fraqueza
  • Tosse persistente
  • Dores no peito
  • Sudorese noturna

Por ser um dos elementos principais que compõe a areia, a sílica pode estar presente em diversos cenários, como por exemplo: minas, locais onde há a utilização de jateamento com areia, na construção de túneis, na fabricação de vidros, cimentos e outros.

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Raio-X de pulmão.

Asbesto

As fibras de asbesto são responsáveis pela doença profissional conhecida com asbestose. A exposição prolongada pode provocar insuficiência respiratória, causando até mesmo um câncer bronquial, e em pessoas indiretamente expostas, um tipo de neoplasia (crescimento anormal de tecido) conhecido como mesotelioma.

Uma das características principais da asbestose é relacionada ao seu período de carência: pode se levar de 20 à 30 anos para o surgimento dos sintomas relacionados a esta doença. Devido a este fato, a NR 15, através do seu anexo 12, no item 19 diz que após o término do contrato do trabalhador exposto ao asbesto, o contratante deve manter disponível a realização periódica de exames médicos de controle dos colaboradores por um período de 30 anos.

Algodão

A exposição ao algodão produz uma moléstia chamada bissinose. Entre os sintomas desta doença respiratória incluem, entre outras:

  • Dificuldade em respirar
  • Dor aguda no peito
  • Bronquite

Caso o colaborador tenha ficado exposto às fibras de algodão por longos períodos, os efeitos da bissinose podem persistir por até 3 anos após o término das atividades relacionadas.

Madeira

Qualquer tipo de particulado que surge através da manipulação da madeira é considerado como poeira de madeira. Entre os efeitos da exposição contínua, se encontram:

  • Dermatite
  • Alergias respiratórias
  • Em casos mais graves e específicos, câncer.

Grãos

Em se tratando de grãos, estamos nos referindo a cevada, trigo, sorgo, café moído, cereais em geral, ração animal e outros. A exposição a poeira de grãos causa:

  • Febre do grão (sintomas de febre e dor no peito – constrição torácica)
  • Dor no peito
  • Tosse
  • Bronquite

Partículas metálicas

Os efeitos a exposição de poeiras ou fumos metálicos, que podem ser encontrados na mineração, em atividades como rebarbação de peças metálicas, corte e solda, estão condicionadas ao tipo de substância presente. Logo, pode haver diversas consequências, entre elas:

  • Pneumoconioses
  • Saturnismo (causada pela exposição ao chumbo)
  • Manganismo (intoxicação por manganês)
  • Irritação
  • Febre dos fumos (principalmente em soldadores)
  • Tosses
  • Dores nos músculos

O que é poeira combustível, e quando ela pode criar uma atmosfera explosiva.

Além dos problemas causados à saúde devido à exposição continuada à poeira, existe também o perigo da formação de uma atmosfera explosiva tendo a poeira como combustível.

Atmosfera explosiva é criada sempre que os 5 elementos necessários para formar o pentágono da explosão estão presentes:

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Pentágono da explosão.

Inúmeras poeiras e fibras geradas nos processos industriais são capazes de criar uma atmosfera explosiva. Entre elas, podemos citar: grãos, farinhas, açúcares, leite em pó, café moído, alumínio, titânio, fibras sintéticas, e outros.

É necessário observar que, para que as poeiras ou fibras sejam combustíveis no processo de formação do Pentágono da explosão, elas devem:

  • Ser partículas muito pequenas – Quanto menor a partícula, mais tempo a mesma permanece suspensa e há maiores chances de formação de nuvem de poeira na atmosfera.
  • Estar dentro do limite de explosividade, ou seja, entre os limites inferiores (LIE – Limite Inferior de Explosividade) e superiores (Limite Superior de Explosividade).
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Limite de explosividade: o perigo maior existe quando há uma mistura ideal.

É importante salientar que cada combustível possui valores distintos no que se refere aos seus limites de explosividade.

As misturas de poeiras combustíveis com ar podem sofrer ignição dentro de suas respectivas faixas de explosividade, as quais são definidas pelo limite inferior de explosividade (LIE) e o limite superior de explosividade (LSE). Em se tratando de poeiras e fibras, o LIE geralmente está situado entre 20 g/m3 e 60 g/m3 (em condições normais de temperatura e pressão (CNTP)], ao passo que o LSE situa-se entre 2 kg/m3 e 6 kg/m3 (nas mesmas CNTP).

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Através deste texto, descomplicamos a poeira e vimos como ela pode ser perigosa. O próximo texto sobre o assunto irá tratar de quando a poeira pode ser caracterizada como insalubre. Se você gostou deste material, assine nossa newsletter, e continue nos acompanhando. Se você tem dúvidas, comente aqui, e nós vamos buscar responder sua pergunta!